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Inicialmente era um T1 para dois, eu e um gato. O tempo passou e agora vivo num T2 para quatro. Eu, o marido, um filho e uma cadela, somos os habitantes deste espaço. O dia a dia, receitas, ideias, e até desabafos saem já a seguir...
Ontem como o marido esteve de volta de um jogo de futebol, já não havia tempo para ver um filme, e resolvemos ver as estreias na televisão daqueles programas tão anunciados, na demanda de audiências, a ver qual dos canais consegue ter no ar mais idiotas, no maior tempo de antena possível.
Não sei quem está mais desesperado, se os canais, pelas audiências, se os agricultores e os filhos das sogras pela parceira ideal. O que me parece, é que tanto num programa, como no outro, a figura da mulher sai desfavorecida. Se no dos agricultores elas parecem prontas para saltarem em cima umas das outras aos puxões de cabelos e a arranharem-se qual gatas com o cio, no das sogras a coisa ainda fica pior, com as ditas (sogras) a fazerem um papel que fica triste a qualquer mulher que tenha criado um filho para ser um homem de jeito nos dias de hoje. Ou seja, estas não criaram um filho para ser um homem de jeito, por isso eles precisam da ajuda da mãe a encontrar a fêmea que lhes queira mudar as fraldas. Qual senhoras perfeitas, que criaram uma obra de arte, põe defeitos a torto e a direito nas pretendentes a noras. Elas querem é encontrar uma empregada doméstica que as livre do fardo de tratarem da roupa e da comida dos seus "manfios" e que ainda se deite com eles, com a garantia da presença assídua da mãezinha querida, tal como um abutre a voar nos céus, à espera que cá em baixo o moribundo animal morra de vez para poderem comer. Se tivessem educado os meninos para se desenrascarem sozinhos, em todas as tarefas, não precisavam de ir para a televisão dar razão a todos os provérbios e anedotas que se contam das sogras.
Já os agricultores, não sei como podem pensar que no meio daquelas mulheres prontas para se atacarem a qualquer momento como leoas por pedaço de carne, vão encontrar uma mulher que seja capaz de passar dias a fio, no meio de uma fazenda, a tirar estrume em cavalariças, a plantar tomates, abóboras, a colher nabos e couves, a fazer pastoreio a ovelhas, levantar com o sol e ir com um tórrido calor de Setembro para o meio a vinha ajudar nas vindimas, ou debaixo de chuva ir recolher os ovos das galinhas no cercado. Se fosse para os ajudar a deitar abaixo umas garrafas de tinto, e a comer um bife das vacas lá da fazenda, já não digo que não encontrassem a companheira perfeita, agora sujar as unhas de gel com caca de galinha? Se agora estão sozinhos, também não vão de certeza arranjar companhia para muito tempo. Durante o idílio inicial até pode parecer que a vida no campo é deslumbrante, mas com o tempo acho que quando começarem a ver botas carregadas de barro a entrar pela porta, homens a cheirar a estrebaria, não vão ficar muito tempo para dar continuidade à frase e foram felizes para sempre.
Concluo perante esta leva de programas de encontros, que parece que para encontrar parceiro(a) nos dias de hoje, já não é possível sem a ajuda de um monte de câmeras de televisão... ou é o desejo exacerbado pelos tais 5 minutos de fama? Não faço a menor ideia, mas qualquer desses programas me deixa a pensar no que deixa transparecer, quer das mulheres, quer dos homens que se sujeitam a aparecer na televisão, para encontrar um(a) suposto(a) namorado(a). Haverá assim tanto desespero? Fico a pensar se perante tal necessidade não valerá muito mais a pessoa ficar sozinha e aprender a divertir-se assim mesmo. Eu encontrei o meu marido aos 41 anos, quando estava convencida que ia ser uma velha catita, rodeada de gatos, a viver sozinha numa casinha no campo. Mas eu aprendi a viver sem a necessidade de ter alguém para me sentir completa. Claro que há uma lacuna, com a qual vou aprendendo a viver todos os dias, o não ter filhos. A idade já não deixa (45) mas tudo isto, é fruto de toda a experiência de vida anterior. Nunca desejei casar só para ter filhos. Vale mais não os ter tido, que na pressa de os ter, acabar por viver uma relação desagradável, que não traria benefícios a ninguém, principalmente aos filhos.
Nestes programas, acabo por concordar com alguns psicólogos, são como tubos de ensaio. São como experiências sociais, onde se pode ver como pensa, como age, e para onde se dirige uma parte da humanidade. Diga-se de passagem, que não vai longe...
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