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Inicialmente era um T1 para dois, eu e um gato. O tempo passou e agora vivo num T2 para quatro. Eu, o marido, um filho e uma cadela, somos os habitantes deste espaço. O dia a dia, receitas, ideias, e até desabafos saem já a seguir...
Despromovida e rebaixada no emprego. Nem me perguntaram, nem me deram hipótese de recusar. Agora é, se não quero, que me vá embora. De funcionária administrativa a empregada de limpezas... Assim, não dá. Vou entregar o t1 ao banco, e vou viver a vida acima das minhas possibilidades, vou fazer férias na Itália, e na Grécia, vou gastar tudo o que ganhar, e vou deixar de me esforçar, não vale a pena. O t1, foi um sonho apenas. Durou enquanto pôde. Não sou de desistir da vida, mas também nunca tinha sido humilhada desta forma. Humilham-me e ainda tentam passar a mensagem de que me estão a favorecer porque não me despediram, que eu sou boa aqui, mas que agora não há trabalho, portanto vou limpar retretes. Não é desprezo ser empregada de limpezas, mas não assim, não desta forma. Isto é gozar comigo, e isso eu não tolero. Não sou uma peça de um jogo de xadrez à espera de ser movida no tabuleiro quando surgir uma jogada oportuna.
Ontem quando tentava dormir, fui arrancado dos braços de morfeu com as perguntas da Dona das Chaves. Um gato não pode querer dormir quentinho e abafadinho sem que ela se ponha com perguntas de retórica, cuja resposta é mais que óbvia. Mas porque raio as mulheres gostam tanto de fazer perguntas para as quais já sabem a resposta? Então perguntava-me ela, porque é que nós gatos gostamos tanto de cama? Lá começámos os dois num diálogo que foi mais ou menos isto:
D.Ch. "_Porque é que os gatos gostam tanto de cama?"
E.G. "_ Talvez pelos mesmos motivos que os humanos?"
D.Ch. "_Nós gostamos da cama, porque serve para descansar depois de um dia de trabalho, ou para partilhar com aquela pessoa..."
E.G. "_Então e nós fazemos o quê na cama? Descansamos, obviamente."
D.Ch. "_Mas os gatos, têm os sofás, os parapeitos das janelas, os móveis para onde sobem e deitam abaixo os bibelots para se deitarem, e mal têm oportunidade esgueiram-se para a cama. Quando te chamo e não apareces, sei logo que estás na cama, debaixo do edredon."
E.G. "_Experimenta dormir em cima da cómoda uma tarde inteira...Experimenta dormir a maior parte do dia, e no sofá... Vocês humanos, separam-nos das nossas mães, quando temos 2 meses, ainda somos uns gatinhos com tanto para aprender. Trazem-nos para casa, e põe-nos um caixote com areia, comida e água, e uma cesta supostamente confortável para dormirmos. Deixam-nos sozinhos durante grande parte do dia, quando mais precisamos. Depois chegam a casa, e querem festas do gatinho, abafam-nos com mimos e esperam que façamos o mesmo. Começam a levar-nos até ao sofá, e depois pegam em nós e colocam-nos em cima da cama, para experimentar se o gatinho gosta e se porta bem. Depois deste comportamento vosso, esperam o quê? Que não gostemos da cama? Claro que gostamos e muito. Adoramos o vosso edredon, as vossas mantas quentinhas, os vossos pijamas fofos."
D.Ch. "_ Quando o fazemos, não é com intenção de vos cedermos todo o espaço disponível, e vocês fazem-no, açambarcam todo o espaço, e empurram-nos borda fora."
E.G. "_Não é com intenção! Quando estás a dormir, pensas que não me empurras para a borda da cama? Porque achas que te acordo a meio da noite, para me deixares ir novamente para debaixo do edredon? Porque me empurraste, aproveitei para ir trincar qualquer coisa, e voltei para a cama. Se bem te lembras a culpa de eu gostar de cama é tua. Eu ainda era bem pequeno, nem sequer chegava lá, quando pegaste em mim e me deitaste na tua cama. Eu gostei e passei a querer lá estar mais tempo. Só que para conseguir chegar lá, tinha que me pendurar e trepar pelo edredon, mais parecia que ia escalar o Evereste sem máscara de oxigénio. Chegava cansado, mas trepava, e fui crescendo e deixei de trepar começou a ficar mais fácil saltar para cima da cama e enroscar-me debaixo do edredon. Se não estás em casa, gosto de estar lá com o espaço todo para mim. À noite, é porque gosto da tua companhia, gosto de me encostar a ti, és minha melhor amiga."
E pronto lá se deixou dormir com tanta conversa, e eu depois também dormi, mal diga-se, porque ela deve ter tido algum pesadelo, levou a noite a voltar-se para um lado e para outro e acordou meio rabugenta. Tivesse ido mais cedo para a cama, e não tivesse ficado ali, a cansar-me com perguntas de resposta óbvia, a gastar tempo de descanso, o dela, e o meu...
Legendas: D.Ch. - Dona das Chaves
E.G. - Elvis o Gato (eu)
A melhor coisa que a dona me poderia comprar por menos de 5 €uros??? Umas latitas Gourmet , seria uma boa hipótese, já que este é um mimo que só posso ter uma vez por acaso, ou em ocasiões especiais, devido à minha restrição alimentar. Isso é que era de valor, alambazar-me em delicioso paté de gambas, empaturrar-me em deliciosos pedaços de pescada em molho de salmão do Atlântico Norte, era como ir ao céu e voltar. É enjoativo comer todos os dias o mesmo tipo de ração...
Tenho para mim, que se a situação continuar assim, vou ganhar calos nos cotovelos, e fazer parte das estatíscas do desemprego ainda antes do final do ano... Prevejo prenda de Natal antecipada... e mais um Natal para o t1 passar apenas com a árvore, alguns enfeites e os poucos móveis existentes...
Diz que vem aí chuva para o fim de semana. A mim não me dá jeito nenhum que chova, porque gosto muito é de sol, de luz, e tempo encoberto deprime-me. Até pode vir frio, eu aceito. Eu sei que a chuva faz imensa falta, e é importante, mas posso pedir como diz o ditado" Sol na eira e chuva no nabal"? Assim era melhor, chovia apenas onde faz mais falta, tipo, nas hortas, nas barragens, nas cidades só de noite para regar os parques e jardins e acalmar a poeira. Gosto da luz do sol a entrar pelas minhas janelas, escolhi o t1 precisamente por estar virado ao sol, com chuva nem gosto de conduzir, as pessoas viram bichos na estrada, torna-se quase impossível fazer o que quer que seja fora de portas, e há alturas que nem a melhor gabardine, as melhores botas e o melhor guarda-chuva resistem a tanta água, que acaba por entrar até nos lugares menos óbvios. O meu cabelo também não gosta de tempo húmido, dá-lhe assim uma espécie de acidente, e de repente parece que tive o susto da minha vida e fico parecida com um gato assanhado, e não é bonito de se ver... Do Outono, gosto apenas das cores castanhas, cobres e vermelhas da natureza, do frio mais ou menos, das castanhas, do cheiro a lenha queimada. Não gosto do horário que vai mudar, os dias ficam mini-mini, não chegam para coisa nenhuma, saio do trabalho de noite, e fico irritadiça a maior parte das vezes. Sou uma mulher do Verão, do tempo quente, da luz, da praia, se bem que para mim, a praia é para todo o ano, mesmo que chova. É o único sítio onde eu não me importo de ir mesmo quando chove, até é das vezes que gosto mais, pois a praia nessa altura é só para o meu egoísmo ser satisfeito, não costuma estar lá mais ninguém. É mesmo o único local onde gosto de chuva. Portanto a chuva que se aproxima, não me vai deixar satisfeita a não ser mesmo por estar a fazer falta para as plantas e animais, e quanto mais não seja para fazer baixar a poeira, ainda que eu tenha dúvidas que isso aconteça... O t1 também não gosta do Outono, está decorado para parecer que é Verão todo o ano, logo os tons cinzentos da chuva não condizem com a decoração. Bem, quem sabe, servirá o tempo chuvoso, para que eu tenha tempo para terminar de ler o livro "Não sei como é que ela consegue" e ainda vá a tempo de ver o filme no cinema, antes de sair de cena.
Que pelo menos, passe depressa.
Parece que vou ter de viver como os japoneses. As coisas, não se afiguram fáceis, e será melhor decidir-me rapidamente. Vou dormir no chão, comer sentada no chão com o prato no colo, mas dispenso os pauzinhos, ou será porcalhice certa. Nas janelas vou usar papel para fazer as cortinas. Vou optar pela comida crua, tipo sushi, sempre a conta do gás sai mais barata. Os candeeiros já os tenho daqueles tipo balão de papel, e com motivos japoneses, por isso, é só continuar na mesma onda. Vou passar a vestir Kimonos, o que fará com que não precise de muita variedade de roupa, logo, é poupança certa. Só não sei como fazer para ficar com os olhos em bico... mas se o Estado continuar a cortar a torto e a direito, se calhar não preciso de me eforçar muito. Fico com os olhos em bico em três tempos...
Uma destas, dava cá um avanço na minha cozinha. É das poucas coisas, que não constam no imenso enxoval que a minha mãe me fez, há cerca de 20 anos ! Se bem que da mala do enxoval não devo poder retirar grande coisa dos lençóis, uma vez que tenho a mania das grandezas, e resolvi que a minha cama teria de ter 1.60 x 2.0 m, o que vai inviabilizar a utilização de grande parte dos lençóis existentes. Mas fazer o quê? Comprar uma cama mais pequena, só porque antigamente era tudo em medidas para se dormir amontoado? De resto, posso aproveitar tudo, porque panos de louça, são imensos, mas nunca chegam, e toalhas também as há para vários gostos, incluíndo ocasiões e gostos mais refinados. Louças e outros também há que chegue para dar e vender, e bibelots daqueles que não têm lugar na decoração actual também tenho um monte que devia por em venda no coisas.com, quem sabe arranjava o dinheiro para uma panela de pressão ali da imagem. O problema está em ir ao sótão da casa dos pais, que não é lá muito acessível buscar as coisas que lá estão, como o trem de cozinha, todos os Tupperware e afins, e mais um monte de coisas, que estão lá, com três toneladas de pó em cima, e mais parece que são artefactos pré-históricos embrulhados e metidos em caixas de cartão. Tenho de me munir de máscara de oxigénio, tomar força nas pernas, montar as escadas e arranjar uma voluntária à força, a minha irmã, para me assessorar e segurar as coisas que lhe for dando pela passagem estreita que dá acesso ao sótão.
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